segunda-feira, 15 de outubro de 2012

História da devoção a Nossa Senhora Aparecida



História da devoção a Nossa Senhora Aparecida

A Mãe de Jesus merece dos cristãos um carinho especial e a devoção por ela se manifesta em todos os lugares, venerada sob os mais diferentes títulos e em muitas igrejas – desde modestas capelas a imponentes santuários.

Em nosso país, ela é venerada como Nossa Senhora da Conceição Aparecida. A devoção popular que se iniciou em 1717, quando a imagem foi encontrada no Rio Paraíba do Sul, foi crescendo e atingindo todas as regiões brasileiras, tornando-se o maior movimento religioso do país.

Aquela imagem pequenina, despojada de tudo, foi aos poucos se tornando objeto de especial veneração do povo brasileiro. Os devotos logo a cobriram com um manto da cor do céu brasileiro e a cingiram com uma coroa, reconhecendo-a como rainha – a servidora do povo junto de Deus.
NOSSA PADROEIRA - Em 1930, o Papa Pio XI proclamou Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil, atendendo ao pedido de bispos brasileiros.

Logo após a realização do Congresso Mariano de 1929, por empenho do então arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme, e do reitor do Santuário de Aparecida, Padre Antão Jorge Hechenblaickner, os bispos presentes no congresso pediram ao Papa Pio XI que proclamasse Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil. O pontífice acolheu o pedido e, no dia 16 de julho de 1930, assinou o decreto.

A proclamação oficial se deu no Rio de Janeiro, então capital federal, no dia 31 de maio de 1931. Cerca de um milhão de pessoas foram prestar suas homenagens à Padroeira naquele dia. De manhã, o ponto alto foi a Missa Campal celebrada diante da Igreja de São Francisco de Paula. Mais tarde, uma procissão conduziu a imagem para a Praça da Esplanada do Castelo.

Junto do altar da Padroeira, encontrava-se o Núncio Apostólico, Dom Aloísio Masella, o Presidente da República, Getúlio Vargas, Ministros de Estado, outras autoridades civis, militares e eclesiásticas.

Notícias de jornais da época relatam que a imensa multidão repetiu com entusiasmo as palavras da consagração da nação e do povo a Nossa Senhora, proferidas por Dom Sebastião Leme: “Senhora Aparecida, o Brasil é vosso! Rainha do Brasil, abençoai a nossa gente. Paz ao nosso povo! Salvação para a nossa Pátria! Senhora Aparecida, o Brasil vos ama! O Brasil, em vós confia! Senhora Aparecida, o Brasil vos aclama: Salve, Rainha!”

Maria Santíssima, em suas manifestações, geralmente adota a fisionomia do povo do país ou do lugar onde ela se manifesta. No Brasil, seu nome é Nossa Senhora Aparecida; no México, de Guadalupe; na França, de Lurdes; em Portugal, de Fátima. Em cada nação toma o nome que a identifica com o seu povo e com cada uma das raças. Na África, é de feição negra; no Extremo Oriente, de cor amarela, e olhos rasgados. Os missionários europeus, quando de lá partiram, só conheciam a Madonna de seus renomados artistas com traços fisionômicos da mulher de sua gente. 
 
Como explicar esse extraordinário fenômeno de verdadeira inculturação da “imagem” da mãe de Jesus? Os filhos querem a Mãe parecida com eles. Ela pode ser de origem judia, mas, no Brasil, nós a sentimos mais próxima do nosso povo. Por isso nós a veneramos e invocamos como Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rainha e padroeira do Brasil
Assim nasceu a devoção
A história dessa devoção mariana iniciou-se na segunda quinzena de outubro de 1717 , quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, Dom Pedro de Almeida e Portugal, governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, chegaria à Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá. Convocados pela Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram à procura de peixes no Rio Paraíba do Sul para o banquete que seria oferecido ao ilustre visitante e sua comitiva.

Desceram o rio e nada conseguiram. Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu. João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a cabeça da mesma imagem.

São escassos os documentos que registram o encontro da imagem. Oito anos após aquele acontecimento, o pároco de Guaratinguetá redigiu um relatório sobre ele, nomeando os três pescadores, Domingos, João e Felipe, que se envolveram no achado. Esse texto serviu de base para o que foi escrito no Livro Tombo da paróquia, em agosto de 1757, pelo vigário Padre João de Morais e Aguiar, sob o título "Notícia da Aparição da Imagem da Senhora".

No Livro Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, conservado no Arquivo da Cúria de Aparecida, encontra-se a narrativa feita pelo vigário. Ela registra que foi “achada” a imagem pelos três humildes pescadores: “João Alves, lançando a rede de arrasto, tirou o corpo da Senhora sem cabeça; e lançando mais abaixo outra vez a rede, tirou a cabeça da mesma Senhora, não se sabendo nunca quem ali a lançasse”.

Os pescadores viram nesse fato um sinal de Deus, devido à pesca abundante que se seguiu. A narrativa diz: “Não tendo, até então, tomado peixe algum, dali por diante foi tão copiosa a pescaria em poucos lanços que, receosos de naufragarem pelo muito peixe que tinha nas canoas, os pescadores se retiraram a suas vivendas admirados desse sucesso.”
Pequeno oratório: a primeira casa de Maria

No aconchego de um lar humilde, sobre um altar de paus, foi colocada a imagem de Nossa Senhora da Conceição que depois viria a ser conhecida com o acréscimo “Aparecida”, dada a maneira como “apareceu. Era a casa de Filipe Pedroso, o mais velho dos pescadores, que conservou a imagem em sua casa por 15 anos. Seu filho Atanásio construiu um pequeno oratório onde as famílias vizinhas se reuniam para rezar o terço e outras orações. Foi o início de uma devoção que depois se tornaria o maior movimento religioso do país.

Mais tarde, diante da crescente afluência do povo, a imagem foi transferida para uma capela primitiva, construída no Porto Itaguaçu, marcando o local onde ela foi encontrada. Depois de peregrinar por diversas casas, em 1745 foi levada para uma capela maior. O culto já recebe a aprovação oficial da Igreja.

O Padre José Alves Villela, vigário da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, decidiu construir essa nova igreja no alto do Morro dos Coqueiros. Iniciada em 1741, foi construída pelos escravos, com barro socado (taipa de pilão). No dia 25 de julho de 1745, o povo realizou uma grande procissão para levar a imagem da Senhora Aparecida para a nova igreja. No dia seguinte, o Padre Villela abençoava e inaugurava a primeira igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

Com essa inauguração, nasciam o santuário e as bases do povoado de Aparecida. Em 1760, a capela foi reformada e recebeu a segunda torre.
Basílica antiga
Como era crescente o número de fiéis que visitava o local, Frei Joaquim do Monte Carmelo resolveu dar a Nossa Senhora uma igreja maior. Com as obras iniciadas em 1844, ampliou a capela, deu-lhe altares artísticos, mudou o estilo colonial para o barroco, com alguns elementos do neoclássico. Em 24 de junho de 1888, a nova igreja era solenemente entregue aos seus devotos. Em 1893, recebeu o título de Santuário Episcopal.

Em 1908, Dom Duarte Leopoldo e Silva, arcebispo de São Paulo, pediu à Santa Sé o título de Basílica Menor para o Santuário de Aparecida, a igreja que fica na parte alta e mais antiga da cidade, conhecida como basílica velha. Essa dignidade foi concedida pelo papa São Pio X, em 29 de abril de 1908.

Finalmente, em 1928, a vila que se formou ao redor da capela foi emancipada de Guaratinguetá, tornando-se uma nova cidade, Aparecida do Norte.
Maior santuário mariano
Aparecida torna-se a “capital mariana do Brasil”. A primeira basílica ficou pequena, por isso era necessária a construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros.

O lançamento da pedra fundamental da nova basílica deu-se no dia 10 de setembro de 1946, mas o início efetivo da construção ocorreu em 11 de novembro de 1955. Com projeto do arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, a basílica tem a forma de uma cruz grega, com capacidade para abrigar 45 mil peregrinos.

Em 4 de julho de 1980, na primeira visita ao Brasil, o Papa João Paulo II celebrou a cerimônia de consagração da nova igreja, embora inacabada, que recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil declarou-a oficialmente Santuário Nacional.

As atividades religiosas no Santuário, em definitivo, passaram a ser realizadas a partir de 3 de outubro de 1982, quando aconteceu a transladação da imagem da antiga basílica para a nova.

O Santuário Nacional é considerado o centro da fé católica no Brasil, recebendo anualmente milhões de fiéis peregrinos, de distintos lugares e etnias, em um bela manifestação de nossas raízes culturais, de nossa "unidade na pluralidade" mantida e fortalecida pela fé.

É o maior centro de peregrinação religiosa da América Latina, o maior santuário mariano do mundo, imenso em sua pujante e bela arquitetura, que reflete a grandiosidade do amor e devoção dos brasileiros por sua rainha e padroeira.
A imagem encontrada
A imagem de Nossa Senhora encontrada era pequenina, de terracota, isto é, argila que, depois de modelada, é cozida em forno apropriado, medindo 39 centímetros de altura, incluindo o pedestal. Quando foi pescada, estava, muito provavelmente, sem as cores originais devido aos anos em que esteve mergulhada nas águas e no lodo do rio. Seu estilo é seiscentista, como atestam alguns especialistas. Ainda conforme estudos dos peritos, a imagem foi moldada com argila paulista da região de Santana do Parnaíba, situada na Grande São Paulo.

A cor acanelada com que hoje é conhecida deve-se ao fato de ter sido exposta, durante anos ao calor das chamas das velas e dos candeeiros. A partir de 8 de setembro de 1904, quando foi coroada, a imagem passou a usar oficialmente a coroa e o manto azul-marinho, ofertados pela Princesa Isabel.

No dia 16 de maio de 1978, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi alvo de um atentado que a reduziu em 165 pedaços. Mas foi totalmente reconstituída graças ao trabalho competente da artista plástica Maria Helena Chartuni, na época restauradora do Museu de Arte de São Paulo.
Coroação de Nossa Senhora
Em 1901, os bispos da Província Eclesiástica Meridional do Brasil, acatando a ideia de Dom Joaquim Arcoverde, arcebispo do Rio de Janeiro, formalizaram pedido ao papa para a coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Em fevereiro de 1904, o Papa Pio X, traduzindo o sentimento do povo e atendendo ao pedido de Dom Joaquim Arcoverde, feito em nome do episcopado brasileiro, autorizou, como era usual na Igreja para imagens e quadros insignes, a coroação solene da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Assim, no dia 8 de setembro, Dom José de Camargo Barros, bispo de São Paulo, coroou solenemente a imagem da Padroeira do Brasil, com a coroa doada pela Princesa Isabel, uma belíssima coroa de ouro, cravejada de brilhantes (24 maiores e 16 menores). Também foi doado pela princesa o riquíssimo manto azul-marinho, simbolizando o céu estrelado brasileiro, enfeitado com 21 brilhantes, representando as 20 províncias do império e a capital.

A cerimônia contou com a presença do Núncio Apostólico, Dom Júlio Tonti, numerosos sacerdotes, religiosos e milhares de romeiros. Em seguida, foi inaugurado o monumento à Imaculada Conceição em comemoração aos 50 anos do dogma da Imaculada Conceição (proclamado pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854).
NOVA COROA - No dia 8 de setembro de 2004, o Santuário Nacional de Aparecida viveu uma grande celebração, comemorando os 150 anos de proclamação do dogma da Imaculada Conceição e os 100 anos da coroação de Nossa Senhora Aparecida. Nessa celebração, a imagem da Padroeira do Brasil recebeu uma nova coroa, confeccionada em ouro e pedras preciosas.

Ela foi desenvolvida pela “designer” mineira Lena Garrido, em parceria com Débora Camisasca, que venceram o “Concurso Nacional para o Centenário da Coroação de Nossa Senhora Aparecida”. Foi confeccionada em ouro e pedras preciosas, em projeto financiado pela Ajoresp – Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Noroeste Paulista.

A antiga coroa, doada pela Princesa Isabel, foi restaurada e é conservada no Museu do Santuário, sendo utilizada apenas em ocasiões especiais.

A nova coroa foi escolhida entre cinco por uma comissão formada por 12 jurados; também se levou em consideração um voto do júri popular, que expressou a preferência entre 63.870 fiéis. As cinco coroas que foram propostas à votação eram protótipos, apenas a vencedora foi feita de ouro e pedras preciosas. Mas os cinco protótipos, em prata, passaram a fazer parte do acervo do Museu Nossa Senhora Aparecida, onde podem ser vistos pelos devotos.
Rosa de Ouro
A Rosa de Ouro é um presente oferecido pelo papa para honrar e distinguir pessoas que contribuíram com ações que beneficiaram o bem comum, para condecorar cidades que se destacaram na manifestação da fé católica ou ainda para realçar santuários que se tornaram centro de peregrinação e irradiação de profunda espiritualidade.

O Brasil já foi agraciado com três Rosas de Ouro: em 1888, o Papa Leão XIII concedeu à Princesa Isabel, por ter abolido a escravatura no país; as outras duas foram ao Santuário de Aparecida.

Em 1967, o Papa Paulo VI concedeu Rosa de Ouro (foto) por ocasião dos 250 anos do encontro da imagem. Em 15 de agosto daquele ano, o Cardeal Amleto Giovanni Cicognani, como Legado Pontifício, entregava ao Santuário de Aparecida uma Rosa de Ouro, confeccionada pelo artista plástico Mário de Marchis, com um recado do Papa Paulo VI: “Dizei a todos os brasileiros, Senhor Cardeal, que esta flor é a expressão mais espontânea do afeto que temos por esse grande povo, que nasceu sob o signo da Cruz. No Santuário de Nossa Senhora Aparecida, ela dará testemunho de nossa constante oração à Virgem Santíssima para que interceda junto de seu Filho pelo progresso espiritual e material do Brasil”. O Legado Pontifício, no interior da nova basílica, entregou ao Cardeal Motta a oferta do papa. Era um presente de aniversário pelos 250 anos do encontro da imagem da Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul.

A terceira Rosa de Ouro foi oferecida também ao santuário pelo Papa Bento XVI, em sua viagem ao Brasil em maio de 2007. Numa plaquetinha está gravado que o papa, com muito amor, oferece a Rosa de Ouro à Virgem Maria de Aparecida, a padroeira da nação brasileira.
Os papas e a padroeira

Na história, sempre encontramos provas da predileção dos Santos Padres por Nossa Senhora Aparecida.

Leão XIII, em 1895, concede licença para que sua festa seja celebrada no primeiro domingo de maio.

Pio X assina o decreto da Coroação em 1904 e o da dignidade de Basílica Menor em 1908.

Pio XI declara Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil em 1930.

Pio XII, em 1958, eleva Aparecida a arquidiocese.

Paulo VI, em 1967, presenteia Nossa Senhora com a Rosa de Ouro.

João Paulo II, em 1980, consagra a nova basílica.

Bento XVI em 2007 também presenteia com a Rosa de Ouro.
Entre os devotos, a família real

A história em torno da devoção nacional a Nossa Senhora Aparecida inclui até a família real brasileira. No dia 20 de agosto de 1822, o príncipe Dom Pedro I foi rezar na antiga capela de Nossa Senhora Aparecida, para ter sucesso na solução de problemas políticos que, poucos dias depois, desaguariam na proclamação da Independência.

O imperador Dom Pedro II e a imperatriz D. Teresa Cristina estiveram em 1843 e em 1865 na capela de Aparecida, para rezar diante da imagem.

Também a Princesa Isabel lá esteve com seu marido, o Conde D’Eu, em 1868, para pedir a graça de um herdeiro para o trono. Naquela ocasião, doou à imagem de Nossa Senhora Aparecida um riquíssimo manto azul-marinho, simbolizando o céu estrelado brasileiro, enfeitado com 21 brilhantes, representando as 20 províncias do império e a capital.

Em 1884, a princesa voltou a Aparecida para agradecer a Nossa Senhora os benefícios recebidos, acompanhada do marido e de seus três filhos, os príncipes Pedro, Luís e Antônio. Desta vez, ela levou para a imagem uma belíssima coroa de ouro, cravejada de brilhantes (24 maiores e 16 menores) que serviu, em 1904, para a coroação solene da imagem.
Porto Itaguaçu
Os romeiros que vão a Aparecida, além de rezar no Santuário Nacional, costumam visitar outros pontos de peregrinação que a cidade oferece. Localizado próximo a uma curva do Rio Paraíba, o Porto Itaguaçu (em tupi-guarani significa “pedra grande”) pode ser considerado como o ponto inicial da devoção dos brasileiros a Nossa Senhora Aparecida. Foi ali que os três pescadores encontraram sua imagem.

Nas proximidades do porto existiu uma pequena capela, que por algum tempo abrigou a imagem de Maria. Hoje, no local, ergue-se uma moderna capela, perpetuando o histórico aparecimento.
Morro do Cruzeiro
É outro local de peregrinação, que oferece bela vista da cidade. Na década de 40, foi inaugurada uma Via Sacra com 14 capelinhas, localizadas ao longo do caminho que dá acesso ao topo do morro. Difícil é a romaria que depois de ter participado de celebrações na basílica não visite o “Morro do Cruzeiro”.

O local passou por uma reforma completa que começou em 1999. O piso recebeu asfalto, as encostas do morro foram arborizadas, o trajeto ganhou sinalização, som e iluminação novos. O projeto arquitetônico é de Cláudio Pastro, e o paisagismo de Gustaas Henricos Winters.

As estações da Via-Sacra também foram refeitas. O artista plástico Adélio Sarro Sobrinho, de São Bernardo do Campo (SP), reconhecido internacionalmente, construiu os painéis que narram a paixão e morte de Jesus Cristo.

A cidade de Aparecida está plantada em cima de um morro, antigamente chamado de “Morro dos Coqueiros”, e é cercada por muitas outras elevações. Uma delas, o “Morro do Cruzeiro”, exerce grande atração para os romeiros. Ali, na década de 40, foi inaugurada uma Via Sacra com 14 capelinhas, localizadas ao longo do caminho que dá acesso ao topo do morro. Difícil é a romaria que depois de ter participado de celebrações na Basílica Nova não visite o Morro do Cruzeiro.





Reconstituindo a História de Aparecida - Jornal O Lince




CAPITÃO CAMILLO DE LELLIS DA GAMA VALLE
Nascido aos 26 de agosto de 1880 em Recreio – Leopoldina-MG, e falecido, em 1956, 
em Aparecida-SP. Filho de Antonio Baptista do Valle e de Rita de Cássia da Gama Valle. Avós 
paternos: Francisco Mendes do Valle e Mariana Baptista do Valle, e avós maternos: Camillo 
Rodrigues de Lellis e Rosa Lima Nogueira da Gama. Casado com Maria José de Oliveira, em 
Águas de Lambary-MG, ela nascida em Águas Virtuosas-MG, filha de Lino José de Oliveira e 
de Maria Candida de Oliveira.  Pais de: Maria da Conceição Lellis casada com Antonio de 
França Souza (Sinhô da Carolina); Dr. Benedicto Lellis, bacharel em Direito e Delegado de 
Polícia, casa-do com a Dra. Henriqueta Funaro; Vicente Lellis, nascido em Aparecida aos 06-
09-1914, casado com Laura Ribeiro, aos 20-11-1941, ela filha de Serafim e Graminda Ribeiro; 
Sebastião Lellis e Helena Lellis da Gama Valle, nascida em Aparecida-SP, aos 13-08-1921, 
professora normalista, casada com Rubem Marcondes de Andrade. Camillo de Lellis tem 
descendência em Aparecida-SP, e aqui foi comerciante do ramo de hotelaria e nomeado Subdelegado de Polícia, cargo que exerceu de 1917 a 1923.
MAESTRO ISAAC JÚLIO BARRETO,
Nascido em Aparecida-SP, por 1841, e aí falecido aos 04 de janeiro de 1895.
Filho do Tenente Antonio Júlio Barreto, músico, nascido em Portugal e assassinado no 
caminho entre Aparecida e Guaratinguetá-SP, em 1850, e de Da. Francisca Pereira Rangel 
e/ou Francisca Júlia do Carmo, nascida em Aparecida onde faleceu aos 07 de agosto de 1892.
Maestro Isaac Júlio Barreto casou-se, em Aparecida, com Da. Maria do Carmo França, 
nascida em Aparecida por 1860 e falecida em 10 em maio de 1940, com 80 anos.
Maria do Carmo era filha do Sargento Manoel Eduardo Laurentino (1802-1868), que 
também foi Inspetor de Quarteirão, em 1835, e respeitado profissional de pirotecnia.
O Sargento Manoel Eduardo Laurentino participou do primeiro movimento popular de 
elevação do bairro da Capela de Aparecida em Freguezia, em 1840. Foi casado com Dona 
Carolina Maria de Jesus.
Isaac foi organista da Capela e, depois, da Igreja de Aparecida.
Já em 1865, participava como músico das comemorações religiosas. Foi fundador da 
Banda “Aurora Aparecidense”, em 1886, que tem sobrevivido, apesar das dificuldades 
materiais por falta de apoio dos órgãos públicos e da sociedade civil.
Foi ainda Juiz de Paz, por eleição, em 1892, permanecendo na função até o seu 
falecimento.
Ao falecer, deixou esposa e os filhos: Benedicto Júlio Barreto, mais tarde Maestro e 
Mestre-Capela; Maria Benedicta Barreto, mais tarde casada com o também Maestro Oscar 
Randolpho Lorena e Maria Luzia Barreto casada com Domingos Braga Filho.
RAFAEL GUARINO
Nascido em Avelino, Itália, por 1883, residente no Brasil desde 1895, e falecido em 
Aparecida-SP, aos 25 de janeiro de 1971.
Filho de Vicente Guarino (1849-1939) e de Maria Astuta (1846-1940), nascidos em 
Avelino, Itália e falecidos em Aparecida-SP, e neto paterno de Genaro Guarino e de Ângela 
Beamonti e neto materno de José Astuta e Catarina Beamonti.
Eram seus irmãos: Jáquimo Guarino, Ângela Guarino, Carmella Guarino, Flo-rinda 
Guarino e Januário Guarin, este em Aparecida falecido em 1902.
Rafael Guarino casou-se em Aparecida-SP, em 1909, com Maria Norbertina Villela da 
Costa, nascida em Aparecida-SP, em 1889, filha de José Firmino Pereira da Costa e de Rita de 
Cássia Villela da Costa. Norbertina faleceu em Aparecida-SP, aos 24 de janeiro de 1971.
Rafael e Norbertina são pais de Maria Aparecida da Costa Guarino, nascida em 
Aparecida-SP, em 1911 e aí falecida aos 14 de janeiro de 1972, solteira e farmacêutica.



PERSONAGENS IMPORTANTES JÁ FALECIDAS
Pe. José Alves Vilella Vigário da Paróquia de Guaratinguetá, a qual Aparecida pertencia;
Cônego Dr. Joaquim Monte Carmelo – Concluiu a Basílica Velha
Pe. Claro Monteiro1º Vigário de Aparecida
Américo Alves Pereira Filho1º Prefeito
Roberto Cardoso AlvesMinistro da Indústria e Comércio, Deputado Federal
Prof. Maria de Lourdes Borges Ribeiro Camargo Folclorista, poetisa, historiadora e pesquisadora
Professora Conceição Borges Ribeiro CamargoMuseóloga, historiadora e pesquisadora
Maestro Benedito Júlio BarretoRegente e compositor
Randolfo José de LorenaCompositor Sacro
Dom Antonio Ferreira de Macedo Arcebispo Coadjutor, responsável pela construção do Santuário
Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Pe. Geraldo de SouzaDoutor em música e compositor
Francisco Ferreira – CHICO SANTEIROArtista plástico e escultor
Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta1º Arcebispo de Aparecida
Anunciação Lorena BarbosaAutora do Hino Oficial de Aparecida

Os primeiros habitantes do vasto vale do Paraíba, entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, vale banhado pelo famoso rio Paraíba do Sul, eram, sem dúvida, os Tamoios, pertencentes a grande família Tupi.

Os nomes mesmos da cidade que pelo vale surgiram - Mogi ou Rio das Cobras, Jacareí, ou Rio dos Jacarés, Caçapava, ou Clareira na Mata, Taubaté, ou Aldeia Grande - os nomes mesmos bem estão a indicar que os primeiros povoadores do vale foram os índios.

Mais de duzentos anos depois da descoberta do Brasil, as viagens entre São Paulo de Piratininga e São Sebastião do Rio de Janeiro, bem como as idas e vindas que viajantes, mascates e mercadores empreendiam daquelas cidades a Minas, eram viagens que se faziam de modo irregularíssimo, penosas e grandemente demoradas.

Em Outubro de 1717, foi encontrada a prodigiosa Imagem de Maria nas águas do rio Paraíba. 

O achado, é fato histórico, prendeu-se a uma viagem, a viagem que fazia Dom Pedro de Almeida, Conde de Assumar, Governador e Capitão-General de São Paulo e Minas Gerais, a Minas.

Narra desta maneira o Guia dos Romeiros o sucesso:

O sítio, onde hoje se ergue a Basílica de Nossa Senhora, distante de Guaratinguetá (ou Garças) alguns quilômetros, chamava-se simplesmente Morro dos Coqueiros. Havia por ali pouquíssimos moradores, dentre os quais podemos nomear Domingos Martins Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, os afortunados pescadores que encontraram a prodigiosa imagem.

O fato deu-se do modo seguinte: 

Em outubro de 1717, por ali tinha de passar, de São Paulo para Minas Gerais, Dom Pedro de Almeida, conde de Assumar, nomeado pela Corte Governador dessas Províncias. Sabendo que o ilustre hóspede e sua comitiva se deliciariam com uma mesa bem servida de saborosos peixes, a Câmara de Guaratinguetá ordenou aos pescadores da redondeza que saíssem a pescar e trouxessem todo o peixe que conseguissem apanhar.

Os três pescadores principiaram a lançar suas redes no porto de José Correia Leite, continuando até o porto de Itaguaçu, bem distante, sem tirar peixe algum. 

Foi quando João Alves aí lançou sua rede e "tirou o corpo da Senhora, sem a cabeça; lançando mais abaixo outra vez a rede, tirou a cabeça da mesma Senhora."

João Alves, homem, sem dúvida, religioso, envolveu-a respeitosamente num pano, depositou-a na sua canoa e continuou a lançar a rede. Daquele momento em diante, a pesca foi de tal modo abundante, que ele e os companheiros receosos de naufragar, devido à enorme quantidade de peixes, retiraram-se para suas casas, narrando a todos, cheios de espanto, o que lhes acontecera.

Filipe Pedroso, ao que parece, o mais afeiçoado à pequena Imagem, conservou-a em sua casa durante uns quinze anos. Indo, mais tarde, morar no Itaguaçu, deu a Imagem a seu filho Atanásio Pedroso, o qual lhe fez um altarzinho ou oratório de madeira, onde a colocou. Era ali, todos os sábados, reuniam-se os vizinhos "para cantar o terço e mais devoções". Foi também ali que se deu o prodígio, várias vezes repetido, das velas que se apagavam e, sem intervenção de ninguém, de novo se acendiam.

No lugar histórico, onde apareceu milagrosamente a Imagem de Nossa Senhora Aparecida, foi, mais tarde, erigida uma Cruz comemorativa e, num ponto pouco mais elevado, uma Capela, em cujas paredes externas se liam os nomes dos três felizes pescadores que encontraram a Imagem da Imaculada, hoje venerada como Padroeira do Brasil.

Passados alguns anos, como era grande o concurso das gentes, tornou-se imperiosa a construção duma igreja. A capela, visitadíssima, não mais comportava as multidões que vinham visitar a Virgem.

Era então vigário de Guaratinguetá o Padre José Alves de Vilela, que dirigiu um requerimento ao bispo do Rio de Janeiro, Dom Frei João da Cruz, no qual solicitava licença para erguer uma igreja sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Era em 1743, e aos 5 de maio daquele mesmo ano, a licença era concedida.

O local escolhido, diz o Guia já citado, para a construção da igreja dói o Morro dos Coqueiros. Com prazer os proprietários fizeram a doação do terreno necessário para o patrimônio e, em 1744, foram iniciadas as obras com tão grande animação que, aos 26 de Julho de 1745, festa de Sant' Ana, o vigário Padre José Alves de Vilela pode benzer a igreja, e inaugurá-la, celebrada a Santa Missa.

Conforme o costume daquele tempo, apenas construída a igreja, constituiu-se uma irmandade leiga para zelar por ela. O bispo de São Paulo, Dom Frei Antônio da Madre de Deus, aprovou o compromisso dessa Irmandade aos 25 de Maio de 1756. Durante quase cem anos, não se fizeram na igreja melhoramentos de vulto.

Em Março do ano de 1842, foi Aparecida elevada à freguesia, pela Assembléia Legislativa de São Paulo, mas, como não se encontraram no lugar pessoas competentes para os cargos de juiz de paz, escrivão, etc, e em Março de 1844, a mesma Assembléia, por nova lei, suprimiu a freguesia.

Durante cem anos, serviu de cemitério o pátio da igreja; em 1843, porém, resolveu-se localizar o cemitério atrás da igreja, no terreno onde hoje se acha a Casa de Noviciado São Carlos. Naquele tempo, não havia por ali habitações, a não ser o casarão para romeiros, e a menos de cinqüenta metros começava a capoeira. Ruas, não as havia, mas somente alguns caminhos mal conservados em direção à capela de Santa Rita.

A igreja, todavia, não era de construção sólida, não fora levantada, como muitas, para desafiar os tempos, de modo que, em menos dum século, as torres e o frontispício ameaçavam ruir.

Ficou assim resolvido que haviam de construir de novo as torres e o frontispício. Iniciados os trabalhos em Julho de 1843, por morosidade, em virtude de falta de recursos e materiais, as duas torres foram concluídas, uma no ano de 1846 e a outra em 1848.

No ano de 1877, chegava a Aparecida Frei Joaquim do Monte Carmelo, nascido na Bahia.

Em Janeiro do ano seguinte, apresentou Frei Joaquim à Mesa Administrativa uma proposta de construção do corpo da igreja. A planta, examinada pela Mesa, foi aceita e, assim aprovada a proposta.


As obras foram iniciadas quase que imediatamente e, pelo fim do ano o padre construtor demonstrou que era imprescindível construir também a Capela-mor com suas dependências. A Mesa concordou. A construção foi concluída em fevereiro de 1888. As despesas elevaram-se a cento e noventa e cinco conto de réis.

No dia 8 de Dezembro de 1888, Dom Lino Deodato de Carvalho, bispo de São Paulo benzeu e inaugurou solenemente a atual igreja de Nossa Senhora Aparecida. 

Frei Joaquim do Monte Carmelo, terminadas as obras da igreja, regressou ao seu mosteiro na Bahia.

Mais tarde, ou seja, em 1893, Dom Lino concedeu ao Curato o título de Episcopal Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. 

Em novembro, no dia 18 do mesmo ano, foi nomeado capelão o Padre Claro Monteiro do Amaral. Tendo tomado posse aos 23 daquele mês, permaneceu no Curato até 1895. 

E o Santuário, em virtude das graças e favores que os fiéis, constantemente, alcançavam, ia-se tornando mais conhecido, pois, mais procurado. 

Desta maneira, como não houvesse sacerdotes que cuidassem do bem espiritual dos romeiros, o bispo de São Paulo, Dom Lino, amoroso, filho da Senhora Aparecida, desejando para o serviço religioso do Santuário um número mais elevado de padres, teve a idéia de ali formar uma comunidade de religiosos missionários.

Naquele tempo, era bispo coadjutor de São Paulo, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti. Em 1894, quando duma viagem a Roma, de Dom Lino recebeu a incumbência de obter uma comunidade de verdadeiros missionários para Aparecida. O bispo-coadjutor, vencendo todas as barreiras, acabou por conseguir que o Superior-Geral dos Redentoristas aceitasse a nova fundação.


A 28 de Outubro do mesmo 1894, chegavam os primeiros Redentoristas. O bom bispo Dom Lino Deodato não pode ver aqueles que iriam, pro primeiro, reger o Santuário.


Assim, o último capelão secular de Aparecida foi o já citado Padre Claro Monteiro do Amaral. O primeiro, capelão-cura redentorista foi o Padre Wendel, que exerceu as funções durante dez meses, tendo como sucessor o Padre Gebardo Wiggermann, que foi nomeado Superior da comunidade religiosa e Visitador. E Aparecida, a pouco e pouco, ia-se transformando, tornando-se, tanto para os moradores do lugar, como para os romeiros, um centro excepcional de piedade e reflorescimento espiritual.


De 1817 a 1894, a devoção a Nossa Senhora Aparecida transpusera, mais ou menos, as fronteiras paulistas. 

Com a chegada dos redentoristas, porém, grande impulso material, principalmente espiritual, entrou a engrandecer a cidadezinha. É que as notícias do lugar, antes levadas por este ou aquele que vinha visitar Nossa Senhora, eram agora propagadas pelo jornal Maria - o Santuário de Aparecida - fundado em 1900.

Em 1895, no livro do Tombo, houve em Aparecida cerca de três mil comunhões. Oito anos mais tarde, ou seja, em 1903, aquele número elevou-se para dezesseis mil. Com as viagens cada vez mais fáceis, não havia quem não desejasse visitar a Senhora. E os atos religiosos mais regulares e atraentes e as maiores comodidades que os romeiros podiam desfrutar, iam concorrendo admiravelmente para que as gentes de São Paulo e de outros Estados fossem levadas às visitas e ao cumprimento de promessas, promessas que, ates, iam-se contemporizando, o que não convinha.


Em 1904, surgiu o Manual do Devoto de Nossa Senhora Aparecida, grande devocionário que os Redentoristas publicaram carinhosamente.

As grandes romarias tiveram começo em 1900. Dom Alvarenga, bispo de São Paulo, no dia 8 de Setembro. Compareceu em Aparecida com mil e duzentos peregrinos. Doutra feita, de Guaratinguetá, foram visitar o Santuário perto de cinco mil pessoas. 

Dom Joaquim Arcoverde, deixando o Rio de Janeiro com mil romeiros, pessoas da alta sociedade, chegou alegremente em Aparecida a 16 de Dezembro de1900.

Desde então, as romarias tornaram-se freqüentes e quase ininterruptas. 

Várias cidades dos Estados de São Paulo e Minas Gerais organizam romarias a Aparecida todos os anos. 

Na Capital bandeirante há igrejas matrizes que, reunindo anualmente os paroquianos, dirigem-se ao Santuário em visita a Maria.


Atualmente é comum encontrar-se na cidade ladeirenta, à antiga, de Aparecida, romeiros vindos dos pontos mais distantes do país, tais como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia e outros Estados, em caminhões, de trem, de automóvel, nas antiguíssimas, desconfortáveis e sacolejantes jardineiras, que ainda as há por este Brasil afora, e em grande quantidade. Que sacrifícios não fazem os devotos de Nossa Senhora Aparecida, para chegar a lugar tão privilegiado!


A solene coração da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, em 1904, é um desses acontecimentos.


Em 1903, os senhores Bispos pediram ao Santo Padre Pio X a faculdade de coroar solenemente a Imagem milagrosa de Nossa Senhora Aparecida, comemorando o qüinquagésimo aniversário da definição dogmática da Imaculada Conceição. A faculdade foi concedida e a solenidade foi marcada para 8 de setembro de 1904.

Naquele dia, que foi um dos mais notáveis para Aparecida, achavam-se presentes o Núncio Apostólico, o Arcebispo do Rio de Janeiro, onze bispos, um representante do Presidente da República, muitos dignatários, sacerdotes, religiosos e enorme multidão de povo. 

O Senhor Núncio celebrou a Missa Pontifical. Dom João Braga fez o sermão e rezou com o povo o ato de consagração. 

Dom José de Camargo Barros benzeu a coroa, e entoou o Regina Caeli e depositou a coroa sobre a fronte da veneranda Imagem.


Aparecida, então, estava engalanada. De todas as casas, dos antigos casarões, dos quais ainda existem vários, flutuavam bandeiras, sobressaiam-se bouquets maravilhosos, e dos balcões dos velhos sobradões do tempo do império, pendiam adamascados magníficos. E as ruas todas, enfeitadas, eram uma festa para os olhos.


Foi cantado o Te Deum. Inaugurou-se o belíssimo monumento da Imaculada, erguido na praça do Santuário.

À tarde, saiu soleníssima procissão com assistência do Senhor Núncio Apostólico e de todos os bispos, sendo a imagem carregada por monsenhores e cônegos. À entrada da procissão, fez eloqüente oração Dom João B. Correia Nery, então bispo de Pouso Alegre.

O dia 8 de Dezembro, aniversário da Coroação, vem sendo celebrado todos os anos com grande pompa e numeroso concurso de fiéis.



A 29 de abril de 1908, o Santo Padre Pio X, agora elevado à honra dos altares, concedeu ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, o título e a dignidade de Basílica. 

Em Setembro de 1929, vigésimo-quinto aniversário da Coroação de Imagem milagrosa, celebrou-se em Aparecida um Congresso Mariano, ao qual assistiam vinte e cinco arcebispos e bispos e avultado número de sacerdotes do clero secular e regular. Nas sessões e manifestações públicas, foi sempre externado o desejo unânime de que Nossa Senhora Aparecida fosse declarada Padroeira de todo o Brasil.

Brevemente ia concretizar-se aquele desejo do povo brasileiro, e a alegria dos habitantes desta terra de Santa Cruz ia ser imensa.



O episcopado, ensina-nos o utilíssimo Guia do Doutor Assis Moura, apresentou, pois, ao Santo Padre Pio XI esse pedido, sendo o mesmo acolhido com muito agrado. No dia 16 de Julho de 1930, o grande Pio XI assinou o decreto pontifício que declarou e proclamou Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira da Nação Brasileira.

(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVIII, p. 116 à 128)